quarta-feira, 9 de abril de 2008

Hotel Terra do Mar... Paradise Resort?


Este "paraíso"está implantado no litoral sul da ilha Terceira, na Serretinha (freguesia da Feteira), numa das zonas mais procuradas pela sua vista sobre os Ilhéus e Monte Brasil simultaneamente. Mas a Serretinha "era" muito mais do que isso, sendo anteriormente caracterizada pela sua arquitectura de baixa densidade relacionada com a produção vinícola em zonas de "biscoito", contendo também solos fertéis para as demais culturas.
Penso que neste momento a Serretinha está completamente descaracterizada com a construção desmesurada de edifícios fora de escala, que criam uma barreira visual perante a paisagem quebrando a lógica de ordenamento territorial.
Isto acontece porque o Plano Director Municipal permite, facto que aliado ao desejo de investimento e subsequente lucro dos donos de obra, leva esta situação ao extremo... e está à vista. Penso que esta zona, à semelhança dos Biscoitos e Porto Martins, deveria ter um plano especial de protecção, com o fim de "salvar" ainda o que resta...



Quanto ao Hotel Terra do Mar, deixo à vossa consideração analisar o impacto que esta unidade tem no território através das fotos aéreas abaixo.
À primeira vista não me parecem "bungalows", como se fez acreditar inicialmente que iria ser...
Outra solução de projecto poderia ter sido adoptada, abusando-se da utilização da pedra, das coberturas ajardinadas para os edifícios de utilização comum e de maior dimensão, diminuindo a densidade das construções individuais, inserindo as características vinicolas do terreno na proposta, mantendo "curraletas" de vinha, prolongando muros/planos de pedra na definição de espaços... outras ideias de certo vos devem estar a ocorrer.
Tal como refere Siza, " a arquitectura não tem sentido a não ser em relação com a natureza".

9 comentários:

Paulo Pereira disse...

"(...)à semelhança dos Biscoitos e Porto Martins, deveria ter um plano especial de protecção, com o fim de "salvar" ainda o que resta..."

Completamente de acordo, até porque somos admirados pelo ordenamento do território que ainda temos, ou tinhamos. Se o destruirmos estamos a matar a nossa galinha de ovos d'oiro,

Joao Monjardino disse...

Poucos sabem que a Ilha Terceira só possui 3,5 km, dos 95,0 km de costa, disponíveis para Uso Social. Só nos últimos 20 anos perdemos 1,5 km de frente de mar para Uso Social fruto de investimentos que se acredita serem imprescindíveis. Até 2013, data em que supostamente os fundos comunitários vão engasgar, vamos assistir ao assalto a estas zonas por razões óbvias. Já nem ponho em causa a utilidade ou capacidade de vingar destes "avanços" mas é importante que os ditos sejam pelo menos providos de infraestruturas decentes. Refiro-me ao saneamento básico e/ou invasão pura e simples do Domínio Público Marítimo sem o mínimo respeito por uma população trágicamente adormecida por novelas e bola em barda. Começam a aparecer sinais de reacção por parte dos políticos mais novos (provavelmente mais viajados e mais ligados ao Mar) no sentido de fiscalizar a qualidade técnica a este nível. Faça-se mas bem feito porque o que nos resta é pouco e nem todos podem ter piscina.

Anónimo disse...

Concordo consigo João. A mudança da paisagem é inevitavel, mas tem que ser feita com regras.Penso ser fundamental e necessario alertar para a falta de planeamento urbano em Portugal e que ainda existe nos nossos dias. Estará o Plano Director Municipal elaborado da melhor forma? Existe mesmo um "plano"? Esta unidade turistica parece-me um quanto á margem do que eu considero uma boa gestão do territorio. Quanto ao projecto em si nem faço comentários.

Anónimo disse...

Gostaria já agora de sugerir á autora do blog, um debate acerca da indentidade da cidade, como reflexo dos seus habitantes. Falo no caso concreto da cidade de Angra do Heroísmo, que considero ter "adormecido para a arquitectura",tendo deixado um vazio temporal. O modo como os angrenses são "apaixonados pela cidade". Não sei se pelo respeito ou comodismo, a cidade trasformou-se num museu. Falo neste assunto, tendo em conta a recente discução acerca do edifício da caixa geral de depositos e da modificação da fachada. Acho o edificio uma peça importante da arquitectura modernista. M.C

Anónimo disse...

muito bem

Joao Monjardino disse...

A CGD precisa duma coisa: tinta!

Anónimo disse...

E já agora João... um spread menor!

Maria Brandão disse...

Há muito que a preservação da paisagem deixou de exisir. Em S. Miguel, sofremos do mesmo mal: a ditadura do betão que, aos poucos, vai engolindo a natureza e bloqueando a nossa (boa) visão :(

Anónimo disse...

porque é que a mudança da paisagem é inevitável ????