quarta-feira, 16 de abril de 2008

Poesia | Arquitectura

CASA DO SER
Língua, Casa do Ser que lá não mora
E, se chama, não está por morador,
Que só em nós o verbo se demora
Como sombra de sol e eco de amor.

Abrigo sim, porém sem tecto, fora
De torre ou porta, os muros no interior:
Assim a Casa essente rompe a aurora
Para se incendiar com o sol-pôr.

É a noite o seu rápido alicerce,
Enquanto casa, que não Ser (aéreo
O que nem isso é, ia eu dizer

No hábito verbal que corta cerce
A hastilha do jardim da Casa, etéreo
Mensageiro de fogo. Pode ser).
Vitorino Nemésio

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