"(...) Acho um erro que muitos edifícios com estruturas de madeira, tectos e escadas, sejam demolidos para serem feitos em betão. Quando está tudo em ruínas, sim senhor, faz-se em betão, que é muito seguro. Há um património que não é só fachadas. Há um património interior, existem escadas de sucupira, tectos pintados, portas com 3,5 metros pintadas a tinta de óleo, interruptores de porcelana. (...) Os edifícios naturalmente têm de ser recuperados, porque são património e têm de ter a sua identidade própria. Dizem que sou poeta. (...)"
"(...) A arquitectura é uma arte social que desenha espaços, mas a coisa mais importante para desenhar espaços é o tempo. É mais importante o tempo na arquitectura que o espaço. E lá fora, os projectos demoram o que for preciso, um ano, dois. E, se forem coisas complicadas em sítios públicos muito importantes, levam três anos, porque há um período de debate com maquetas, todas as câmaras têm um stand com os novos projectos, as pessoas fazem sugestões, vêm os partidos, as juntas de freguesia e o arquitectos vai anotando e mudando. E quando está tudo decidido, a construção é muito cara e então é tudo detalhado ao milímetro e ninguém pode falar, nem o arquitecto pode ir à obra para não baralhar tudo. E a obra tem de andar muito rapidamente, seis ou sete meses. Aqui é ao contrário. (...)"
Entrevista ao Arqt. Souto Moura in Espaços e Casas, Edição n.º1871, de 6 de Setembro, complemento do jornal Expresso
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