No passado fim de semana o Expresso publicou na revista Actual um artigo de José Manuel Fernandes em que este arquitecto refere dez bons exemplos de arquitectura nos Açores e Madeira.
No que diz respeito à ilha Terceira, o autor indica também, para além do Complexo Pedagógico da Universidade dos Açores que está no Top10, a recuperação do Forte de São Sebastião de Angra, como pousada (por Isabel Santos e Gabinete 118 Gatens, de 2006), a moradia na Canada do Pombal, em São Mateus (por Isabel Santos, de 2003-2005) e a moradia Susana Cunha no litoral da Praia (por José Parreira, de 1998).
Abaixo segue o Top10:
1 - RESIDÊNCIA UNIVERSITÁRIA DA UA NAS LARANJEIRAS, EM PONTA DELGADA, SÃO MIGUEL
PEDRO COSTA E CÉLIA GOMES, 2002-06
À saída nascente de Ponta Delgada, subindo a antiga estrada para a Ribeira Grande, junto aos silos de cereais, ergue-se a residência de estudantes, constituída por uma série de volumes de proporção horizontal, em corpos sucessivos, socalcados, apresentando o da frente, que abre sobre a estrada, uma série de pilares de apoio (os chamados pilotis) cilíndricos, aparentemente demasiado espessos para as necessidades estruturais - mas que, na linha expressionista e formal dos seus autores, acrescentam uma original força plástica ao conjunto.
PEDRO COSTA E CÉLIA GOMES, 2002-06
À saída nascente de Ponta Delgada, subindo a antiga estrada para a Ribeira Grande, junto aos silos de cereais, ergue-se a residência de estudantes, constituída por uma série de volumes de proporção horizontal, em corpos sucessivos, socalcados, apresentando o da frente, que abre sobre a estrada, uma série de pilares de apoio (os chamados pilotis) cilíndricos, aparentemente demasiado espessos para as necessidades estruturais - mas que, na linha expressionista e formal dos seus autores, acrescentam uma original força plástica ao conjunto.
2 - ESCOLA ROBERTO IVENS, AMPLIAÇÃO E RECUPERAÇÃO, PONTA DELGADA, SÃO MIGUEL
JOÃO GOES FERREIRA E TIAGO CORREIA, 2003-06
Partindo de um edifício solarengo do século XIX, que foi recuperado, a obra estende-se pelos amplos espaços livres do antigo jardim, com uma série de pavilhões habilmente interligados, em corpos prismáticos de geometrias simples, com cores claras e luminosas, que atenuam sensivelmente a densa ocupação que serve o programa. Os espaços internos e semi-exteriores, como escadas, galerias, átrios e pátios, servem para criar um ambiente convidativo e acolhedor para os estudantes. Muito interessante a visão do pavilhão desportivo, de um dos corredores - ou a movimentação dos alunos, quando passam frente às aberturas nas paredes dos pavilhões.
3 - CASAS DA VIGIA, SÃO VICENTE FERREIRA, SÃO MIGUEL
JOÃO MAIA MACEDO, 2007
O projecto aproveita uma antiga torre de vigia, erigida em pedra vulcânica, e aberta sobre o mar, na costa norte de São Miguel. Desenvolve-se em vários edifícios residenciais, volumes de forma simples, quase puristas, separados uns dos outros - e cujo cromatismo intenso das fachadas ajuda a destacar da paisagem, verdejante e negra. Trata-se de um original exemplo de como ocupar, de um modo fragmentário, com dimensão poética, o antigo território rural ilhéu, acrescentando- -lhe funções novas (a habitação do «urbanita»), sem, porém, o reduzir à figura convencional da urbanização.
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4 - FURNAS LAKE VILLAS NA LAGOA DAS FURNAS (COM LUÍS ALMEIDA E SOUSA) DA PRAIA DE SANTA BÁRBARA, RIBEIRA GRANDE, SÃO MIGUEL
FERNANDO MONTEIRO, 2003-04 E 2006-08
Trata-se, afinal, de um pequeno aldeamento turístico nas proximidades da famosa e romântica lagoa micaelense, que aproveita algumas edificações tradicionais existentes, mas que assenta sobretudo numa série de «habitações mínimas», cubos em aço e vidro, de desenho abstracto e moderno, mas completamente revestidos a madeira de criptoméria, na sua cor natural, que lhes dá uma expressão orgânica, agradável e muito bem inserida na paisagem de «água, humidade e verde» que define a larga encosta vulcânica envolvente. A série de equipamentos balneares, na praia de Santa Bárbara, na costa norte da ilha, também utiliza o eficaz dispositivo do revestimento em madeira aparente.
5 - COMPLEXO PEDAGÓGICO DA UA EM ANGRA, TERCEIRA
JORGE FIGUEIRA, 2005-06
Numa área suburbana, verdejante, da envolvente da cidade de Angra, o projecto do novo pólo universitário terceirense investe na criação de uma cidadela moderna, com volumes geométricos, separados entre si, articulados por percursos pedonais e galerias, e envolvidos pelo profuso verde da vegetação local.
O edifício do Complexo Pedagógico, o primeiro a erguer-se, optou por um cromatismo vibrante nas fachadas, em vermelho, que o destaca claramente da envolvente. Internamente, um espaço aberto e amplo, em vários níveis de acesso e serviços, dispõe as sucessivas salas e auditório.
6 - GRUTA DAS TORRES, NA MADALENA DO PICO
INÊS VIEIRA DA SILVA E MIGUEL VIEIRA, 2003-05
Na subida para a montanha, uma longa e subterrânea gruta lávica, de dimensão excepcional, motivou a edificação de um espaço de acolhimento e de entrada. Trata-se de uma pequena construção, de paredes curvilíneas, erigida com delicadeza e claro sentido dos materiais: nomeadamente, exibindo a fachada principal constituída por rochas de pedra vulcânica, irregulares, colocadas deixando espaços entre elas, como uma «filigrana pétrea», o que, a certas horas do dia, mediante a inclinação do Sol, provoca uma iluminação do espaço interior de notável efeito plástico.
7 - BIBLIOTECA E ARQUIVO DA HORTA, FAIAL
ATELIER PORTO PIM COM ANA VELOSO, 2001-08
O conjunto aproveita um portentoso edifício oitocentista, de alta fachada em pedra negra e cal branca, alinhado com a rua direita da Horta, junto ao gaveto com a alongada praça da Matriz e da Câmara. Exactamente neste gaveto, criou-se um corpo novo, de expressão contemporânea, cilíndrico, o qual, tornejando para a íngreme via em rampa que sobe a encosta na perpendicular, permite visualizar as instalações sequenciais deste equipamento. Nos espaços mais internos do conjunto, deitando para o interior do logradouro, o edifício cita algumas das formas construtivas mais tradicionais da cidade, como os revestimentos externos em madeira «escamada», pintada a cores vivas.
ATELIER PORTO PIM COM ANA VELOSO, 2001-08
O conjunto aproveita um portentoso edifício oitocentista, de alta fachada em pedra negra e cal branca, alinhado com a rua direita da Horta, junto ao gaveto com a alongada praça da Matriz e da Câmara. Exactamente neste gaveto, criou-se um corpo novo, de expressão contemporânea, cilíndrico, o qual, tornejando para a íngreme via em rampa que sobe a encosta na perpendicular, permite visualizar as instalações sequenciais deste equipamento. Nos espaços mais internos do conjunto, deitando para o interior do logradouro, o edifício cita algumas das formas construtivas mais tradicionais da cidade, como os revestimentos externos em madeira «escamada», pintada a cores vivas.
8 - POSTO DE TURISMO E ÁREA DE LAZER NO FORTE DE SANTA CATARINA E CAPELA RAINHA SANTA ISABEL NA ALMAGREIRA
(COM TERESA ROBALO),
LAJES DO PICO
RUI JORGE PINTO, 2003-05 E 2006
O pequeno forte costeiro de Santa Catarina, à saída da vila para poente, foi entendido como uma esplanada de utilização pública, para o visitante aceder ao núcleo de informação turística, (com uma pequena mas bem apetrechada livraria), e para, se se quiser, descansar, espairecer, olhar o mar. Para isso o terreiro central da construção teve o pavimento revestido com grandes vigas de madeira (recuperadas das ferrovias), que lhe dão um sentido orgânico, acolhedor, embora singelo. A capela, alcandorada sobre a encosta rural, a olhar a ilha e o mar, é uma simples «caixa» de betão e vidro, cuja eficácia, como espaço simbólico e sagrado, lhe advém exactamente da pureza da solução espacial.
9 - CASA DAS MUDAS, CALHETA, ILHA DA MADEIRA
PAULO DAVID, 2003-2004
Verdadeiro «achado» como espaço arquitectónico e paisagístico, a já famosa Casa das Mudas, onde funciona o Centro de Artes da Calheta, foi escavado na falésia, a pique sobre o oceano, para baixo da cota da antiga e modesta construção solarenga que lhe dá o nome. O visitante acede ao espaço pelo lado de cima, descendo uma escadaria que o leva ao uma espécie de pequeno «labirinto» de ruas e becos, em pedra negra vulcânica - donde se desce para as sucessivas «salas brancas» de exposição, galerias, auditório.
A toda a volta temos, pontualmente, vislumbres, por janelas e vãos rasgados nas fachadas, das serranias e encostas «a cair sobre o mar», com as casinhas rurais encavalitadas na montanha.
10 - CENTRO CÍVICO DO ESTREITO DE CÂMARA DE LOBOS, NA MADEIRA
ATELIER RISCO A4 (COM FREDDY FERREIRA CÉSAR E CARLA BAPTISTA), DE 2002-03
Construir nas encostas íngremes da ilha da Madeira é um desafio para os arquitectos - nomeadamente se se trata da edificação de equipamentos culturais, cuja centralidade, facilidade de acesso e atractibilidade são factores prementes, a ter em linha de conta.
O Centro Cívico e de Exposições do Estreito de Câmara de Lobos constitui um dos casos mais evidentes desta situação: alcandorado em encosta abrupta, olhando logo acima a igrejinha do povoado, o edifício teve de criar um espaço próprio, uma patamar horizontal, uma pequena acrópole, serena e plana, interrupção na sequência de subidas. Um corpo simples, prismático, revestido a madeira, define o essencial do edifício.
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