Ao folhear o Triste vida leva a garça de Álamo de Oliveira, editado em 1984, adquirido ontem em segunda mão e já em mau estado deparei-me com este poema intitulado "Baía"... fez-me recordar precisamente esta baía, que será sem dúvida a de Angra do Heroísmo. A angra (pequena baía, enseada) que antes de ser marina se abria ao mar sem molhes nem amarras.
Tenho saudades do que era... mesmo não tendo barcos... e que foi de facto oferecida "ao primeiro bando de gaivotas"...
Baía
"não temos barcos na baía:
o cais come a sua inveja no cimento
e povoa o seu deserto
com o silêncio dos peixes.
os guindastes lembram dedos sem mãos
que apontam ferreamente a cidade
pela ausência de movimento.
todos sabemos que é verdade:
- não temos barcos na baía.
vamos oferecer o cais
ao primeiro bando de gaivotas."
In Triste vida leva a garça de Álamo Oliveira, p.42
Imagem fornecida pelo extinto Gabinete da Zona Classificada de Angra do Heroísmo
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