quinta-feira, 26 de julho de 2007

Poesia | Arquitectura

No Silêncio dos Jardins

Se um dia regressares, a terra estremecerá na memória de tua ausência. E a água formará um vasto oceano no outro lado do teu olhar.

Regressarás, talvez, quando o ar se tornar rubro em redor do meu sono - e o lume das horas, a pouco e pouco, saciar a boca que clama pelo teu nome.

Encontrar-nos-emos nas imagens deste jardim de afectos e ódios. Porque os jardins são labirínticas arquitecturas mentais, onde podemos resguardar os corpos de qualquer voragem do tempo.

Por isso, enquanto não regressas, construo jardins de areia e cinza, jardins de água e fogo, jardins de répteis e de ervas aromáticas, jardins de minerais e de cassiopeias - mas todos abandono à invasão do tempo e da melancolia.

Mas se um dia regressares, passeia-te por dentro do meu corpo. Descobrirás o segredo deste jardim interior- cuja obscuridade e penumbras guardaram intacto o nocturno coração.


Al Berto in Dispersos

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