"O novo lar residencial/atelier de tempos livres (ATL) da Associação Cristã da Mocidade (ACM) da Terceira vai surgir literalmente das cinzas a que ficou reduzido o interior do imóvel da antiga sede da instituição, na Canada dos Folhadais, em São Carlos, Angra do Heroísmo, após um incêndio que deflagrou no passado mês de Junho.
O projecto de arquitectura, apresentado ontem à tarde, prevê a demolição total desse edifício e seus anexos, com excepção do pavilhão desportivo, e a construção de uma edificação de dois pisos, implantada em cerca de 1.100 metros quadrados, com capacidade para um máximo de treze utentes (doze, mais um, em casos pontuais).
Berta Silva, a presidente da direcção da ACM/Terceira refere que este é “um grande passo para a concretização dos nosso objectivos, preenchendo uma lacuna para os portadores de deficiência. Os nossos utentes e a nossa comunidade estão em primeiro lugar e não merecem menos que isso: uma habitação com condições adequadas para ser o seu lar”.
Porém, questionada pelos jornalistas, a responsável pela instituição, apesar de não quantificar, refere existir uma lista de espera superior à oferta que será em breve criada.
Obras até final do ano
“Este é um projecto de todos os sócios da ACM. É o início da concretização de um sonho”, assim definiu João Santos, presidente da assembleia-geral da ACM, na cerimónia de apresentação do projecto do novo lar residencial.
“O Governo Regional tem criado todas as condições, os órgãos sociais têm trabalhado e demonstrado merecer a confiança daqueles que põe à sua disposição dinheiros públicos para serem bem geridos e investidos, e a obra começa, de facto a nascer. Não vamos dizer se é tarde, se é cedo, é uma obra que nasce agora”.
O responsável explicou que o investimento, que resulta de verbas do executivo açoriano que oscilará entre os 850 mil e um milhão de euros, deverá arrancar até final deste ano, encontrando-se actualmente o projecto em apreciação na autarquia angrense, estimando-se a sua conclusão para daí a 8 a 12 meses.
A melhor residência a nível regional
A autarca angrense, Andreia Cardoso, referiu que a obra irá dar lugar a uma das melhores infra-estruturas do género: “a nível regional será das melhores residências que teremos de apoio a criança e jovens com deficiência”, reconhecendo tratar-se de um investimento que veio colmatar uma “carência” existente há já algum tempo na ilha Terceira.
“Este projecto é importante para as crianças do concelho de Angra do Heroísmo portadores de deficiência que, felizmente, em hoje, dia, têm uma esperança média de vida muito superior ao que acontecia há uns anos e que, por isso, causam preocupações as pais porque os cuidados têm de, numa determinada fase da vida, ser necessariamente remetidos a outras pessoas”.
A edil recordou também o papel da ACM ao nível da actividade desportiva, referindo que “a ACM é referência ao nível do desporto na região”, recordando que a mesma é co-organizadora de uma prova mundial para jovens portadores de Síndrome de Down.
Empreendedorismo associativo procura-se
“Cada vez mais, precisamos que as direcções das nossas instituições tenham este empreendedorismo, tenham esta pro-actividade de avançar com a coisas, muitas vezes puxando por nós, atiçando a necessidade de darmos resposta e, de facto, nesta matéria a direcção da ACM está de parabéns”, referiu a directora regional da Solidariedade e Segurança Social, Natércia Gaspar, que substituiu a secretária regional do Trabalho e Solidariedade Social, Ana Paula Marques, na cerimónia.
“Há três anos, nascia o Centro de Actividades Ocupacionais (COA) da ACM e, na altura, foi sem dúvida, o melhor da COA dos Açores e a nova residência será muito provavelmente o melhor lar residencial para pessoas com deficiência”.
Para a governante, a ACM presta uma “resposta integrada”: “A ACM tem, neste momento, um COA, tem em carteira um centro de inserção social porque sempre teve muita preocupação com a ocupação laboral das pessoas com a deficiência – sendo uma referência na região nesta matéria – e tem projectos na área do desporto e vários projectos abertos à comunidade que a autarquia tem apoiado”.
Imóvel com dois pisos
O projecto para a edificação da nova residência, de autoria do gabinete “MMC – Arquitectura e Design”, possui oito quartos para os utentes (cinco duplos e três single´s) preparados para pessoas com mobilidade reduzida, localizados no piso superior.
O novo imóvel tem, por isso, projectado uma rampa exterior que permitirá uma “eficaz evacuação de utentes do Piso 1 em caso de emergência”, referiu o arquitecto Miguel Cunha.
Além de zona de alpendre, serão criadas “zonas de estar exteriores confortáveis e que prolonguem os espaços de convívio interiores”.
Em termos de acessibilidades, o projecto prevê acessos a viaturas de emergência, palas de cobertura nos principais acessos ao prédio, zona de cargas e descargas com funcionamento independente, entre outros."
Humberta Augusta
In Jornal União
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