terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Arquitetura de palavras


“Uma relação entre duas pessoas que se amam tem de se basear na capacidade de erigir um edifício. Pedra a pedra. Tijolo a tijolo.
Poucas obras de engenharia são mais complexas do que uma relação entre duas pessoas que se amam.
Nenhuma obra de engenharia é mais complexa do que uma relação entre duas pessoas que se amam.
Nada é mais exigente fisicamente do que uma relação entre duas pessoas que se amam.
Tem de haver uma entrega absoluta. Até à última gota. Para que cada pedra esteja no local certo. E por vezes há que caminhar quilómetros com essa pedra às costas para a colocar no local certo. Nem mais um centímetro à frente nem mais um centímetro atrás.
Cada pedra que constróis também pode ser cada pedra que destrói, que faz derribar todo o edifício.
Todas as relações são feitas de pedra. Mas está na nossa mão. Está na mão dos dois constituintes de uma relação entre duas pessoas que se amam definir se a pedra serve para separar se a pedra serve para unir.
Todas as relações são feitas de pedra.
E é assim que construo. É assim que pela primeira vez construo. Estou a construir. Digo-te cada verdade e sei que estou a colocar as pedras que nos separavam nos locais certos. Para que o edifício cresça quando já estava quase a cair. Para que possas depois perceber se queres construir comigo ou se queres que tudo isto que somos caia de vez.
Olho-te nos olhos e sei que choras. Sei que choras a cada verdade que te entrego, a cada pedra que te coloco nas mãos.
Não sei se terás força para as suster, se terás força para as aguentar, para as suportar dentro de ti. Não sei se algum de nós conseguirá levar mais longe este edifício.
Mas sei que me sinto enfim a ser eu em ti como tu sempre foste em mim.
Todas as relações são feitas de pedra.
Há que construir.
Há sempre que construir.”

"In Sexus Veritas", de Pedro Chagas Freitas
 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Arquitectura | Escrita

A outra Casa

"A outra casa. Na outra casa, a que não moras, está a soma da tua ausência e dos que lá habitam. Em ti há substração fletida ao que receias perder. Perdes-te. Perdes-te sempre não na procura dos outros, mas na ausência de ti que colocas no ato da procura alheia. Já te perdeste na tua casa? Achas-te apto a olhar o mundo da outra casa sem saíres de ti mesmo, sem te subtraíres? Mora no sítio que é teu, retira disso vontade de te viciares na tua casa. Enaltece-a, conquista-a, habita-a. Não faças dela a ambição da melhor, vota-a apenas a esse desejo. Conquista-te nela. Não é que queiras deixar de morar noutra casa, vais é esquecer-te que elas existem. A tua casa não é só tua, és tu e a capacidade de multiplicação própria."

Tiago Ribeiro 
Casa Pacheco de Melo, de autoria do Arqt. Pedro Maurício Borges, em São Vicente Ferreira, São Miguel | Prémio Sécil em 2002

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

EXPOSIÇÃO «ARQUITECTURA DO RAMO GRANDE»

 
"O Instituto Açoriano de Cultura no âmbito das IV Jornadas de Reflexão de Animação Turística, subordinadas ao tema “Turismo e Animação Cultural”, que decorrerá na sequência de uma parceria com a Associação Regional do Turismo, apresenta a partir do dia 16 de novembro, próxima sexta-feira, no bar do Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo uma exposição de painéis sobre a Arquitectura do Ramo Grande.
 
 A referida exposição, que recorda a região da ilha Terceira denominada por Ramo Grande – tradicionalmente conhecida pela riqueza da sua produção agropecuária, pela raça dos bovinos que forneceram a força do trabalho necessária aos trabalhos agrícolas e pelo brilho das festividades em honra do Espírito Santo – salienta a singularidade da sua arquitectura, expressa nas casas rurais. Que vem sendo constantemente referida, desde que Vitorino Nemésio chamou a atenção, no Corsário das Ilhas, para este “habitat rural tão nobremente urbano”.
 
Esta exposição, composta por 12 painéis, integra o programa das IV Jornadas de Reflexão de Animação Turística, a realizar de 16 a 18 de novembro no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo."

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Faleceu Francisco Ernesto Oliveira Martins...

Acabei de vir do velório de Francisco Ernesto Oliveira Martins... não fiquei muito tempo... preferi vir escrever estas linhas de homenagem a um Homem que viveu na verdadeira concepção da palavra. Não fiquei muito tempo... porque quando penso no Sr. Francisco Ernesto penso em alegria, simplicidade e plenitude de viver.... e quero recordá-lo assim... bem disposto, sempre pronto a ajudar, ávido de aprender e de questionar as coisas, fugindo às teorias preconcebidas.
A idade começou a pesar, a memória a atraiçoar, mas o brilho nos olhos de quem se recusa a crescer e a ser "velho" ficou... não fiquei muito tempo... mas o tempo suficiente para sentir que o Sr. Francisco Ernesto viveu tudo o que tinha para viver e que nos deixou em Paz. Deixemo-lo ir... não fiquei muito tempo... porque há um mundo lá fora, o sol espreita, e estou certa que ele quereria que eu o fosse absorver e disfrutar, deixando essa tristeza que me assolou... Adeus.

terça-feira, 3 de abril de 2012

SIZA EM ANGRA (Artigo Jornal União 2 Abril 2012)

















Imagem in A Reconstrução do Chiado. Lisboa. Álvaro Siza, Ed. Livraria Figueirinhas, 2.ª ed. 2000, p. 117.

Angra recebeu o Arqt. Siza Vieira no passado dia 28 no âmbito das comemorações do Dia Nacional dos Centros Históricos. O mais conhecido Arquiteto português explanou acerca do tema “A Arquitectura e a Cidade”.
A Arquitectura nunca deverá ser pensada/criada como um objeto singular, como num ato egoísta de quem a concebe ou é seu proprietário.
Esta afirmação tem um sentido mais forte em centros históricos e urbanos, em que na mesma malha coesa e densa se articulam tecidos de várias épocas, marcando várias gerações… ou assim deveria ser.
A visão dos nossos grandes nomes de Arquitectura Portuguesa poderá ajudar numa análise mais clara e desintoxicada do tema, sendo necessário um certo afastamento dos objetos para uma mais acertada reflexão. Poderemos estar demasiado embrenhados em Angra para a poder Ver como ela é e merece.
Neste sentido foi gratificante ouvir Siza, ele que interveio no Chiado, na reabilitação de espaços públicos do Porto e no Centro Galego de Arte Contemporânea de Salamanca por exemplo.
Acerca do Chiado Siza escreveu “Não existe um monumento importante na cidade sem a continuidade anónima de múltiplas construções (…). E contudo, na evolução da cidade, a perda deste sentido do papel de cada construção está aos olhos de todos. A generalizada ambição de protagonismo torna por isso impossível qualquer forma de protagonismo.”(1)
(1)  SIZA, Álvaro- Imaginar a Evidência, Edições 70, 1998, p.97.

quinta-feira, 29 de março de 2012

"Estalagem da cimeira Nixon-Pompidou em ruínas"










"Durante dois dias do mês de dezembro de 1971 uma estalagem localizada na mata da Serreta, em Angra do Heroísmo, nos Açores, transformou-se no centro do mundo.
Um número nunca antes visto de jornalistas estrangeiros acorreu àquele edifício com vistas únicas sobre o oceano para fazer a cobertura de um dos mais importantes acontecimentos políticos da época: a cimeira entre Richard Nixon, presidente dos Estados Unidos da América, e Georges Pompidou, presidente francês.
O anfitrião foi Marcelo Caetano, que dormia na então luxuosa Estalagem da Serreta, onde decorriam as conversações. Quarenta anos depois, o edifício, uma das jóias da arquitetura modernista portuguesa, concebido pelo arquiteto João Correia Rebelo, está abandonado e em ruína. 

Toxicodependentes na Serreta 

O abandono começou no início dos anos de 1980, quando a estalagem encerrou a sua atividade de hotelaria no âmbito da empresa TurHotel. A partir daí nunca mais lhe foi atribuída uma utilização condizente com as características do edifício e, pelo contrário, acabou cedida nos anos de 1990 à associação de reabilitação de jovens toxicodependentes "Le Patriarche".
O declínio progrediu em rota acelerada e nunca mais terminou, mesmo se a Assembleia Legislativa regional dos Açores classificou a estalagem como imóvel de "interesse público" a 1 de março de 2007.
Comenta-se depois a existência um plano de recuperação, a cargo do grupo açoriano Paim, que, nas diferentes ocasiões em que foi contactado, entendeu não dar qualquer esclarecimento ao Expresso sobre eventuais projetos para a Serreta. Na página oficial do grupo disponível na internet diz-se, no entanto, que a estalagem será reconvertida "num luxuoso Resort e Spa".

Obra-prima do modernismo


Situada na ilha Terceira e com projeto geral concebido entre 1961 e 1963 e projeto de mobiliário elaborado entre 1967 e 1969, a estalagem é vista como a obra-prima do moderno açoriano.
João Vieira Caldas, arquiteto e comissário da exposição dedicada ao trabalho do arquiteto João Correia Rebelo apresentada em 2002 nos Açores, referiu, em declarações ao Expresso, que a estalagem "é o último grande trabalho de João Correia Rebelo em Portugal e representa uma viragem na sua obra que é representativa da viragem que a arquitetura portuguesa estava a ter naquele momento".
Nascido em Ponta Delgada em 1923 e licenciado pela Escola de Belas Artes de Lisboa, João Rebelo era filho do pintor Domingos Rebelo. Começou por trabalhar na sua cidade natal, mas a defesa de princípios muito firmes levou-o a considerar que não estavam reunidas as condições para continuar a exercer a profissão de arquiteto na ilha. Regressou ao continente e em 1969 emigrou para o Canadá, onde veio a falecer.

Correia Rebelo militante do Movimento Moderno


No catálogo da exposição de 2002, elaborado pelo Instituto Açoriano de Cultura, refere-se que João Correia Rebelo, "como muitos arquitetos da sua geração, acreditava que a arquitetura e o urbanismo propostos pelo Movimento Moderno haveriam de mudar o mundo para melhor". Nesse sentido, não concebia uma arquitetura que não recorresse às possibilidades técnicas e materiais do seu tempo, "que não fosse a expressão inequívoca desses recursos, das funções a que se destinava, de um desígnio social".
Homem de convicções profundas, Rebelo distinguiu-se "pelo modo particularmente aguerrido e intransigente com que defendeu aqueles ideais e por ter tentado fazê-lo não só através dos seus projetos, mas também, caso único no Portugal dos anos 50, pela publicação de verdadeiros manifestos".
Particularmente relevantes são os manifestos "Não!", escrito em 1953, e "Senhor Ministro", de 1956, nos quais expressa com grande veemência a sua discordância quanto a algumas opções que estavam a ser tomadas no plano urbanístico, nomeadamente pela Câmara Municipal de Ponta Delgada.

Edifício está em risco

João Vieira Caldas sublinha que este homem, amigo de Nuno Teotónio Pereira, muito católico e membro do Movimento de Refundação da Arte Religiosa, "era uma mentalidade representativa de uma época, que se opõe á mentalidade de hoje, em que a arquitetura pretende ser estrela e todos os autarcas querem ter uma obra de um arquiteto de renome".
Para este arquiteto, a Estalagem da Serreta é um ponto de chegada. "É notável a qualidade com que é implantada no sítio, como se distribui pelo terreno e como a partir dela se estabelece uma relação com a paisagem exterior". 
Se não for acudida, a estalagem corre sérios riscos de sobrevivência. Fez história e recebeu grandes protagonistas da história.

Uma cimeira de europeus contra norte-americanos

A cimeira entre Nixon e Pompidou surgia na sequência das decisões do presidente norte-americano de apostar num dólar cada vez mais forte e impor restrições às importações norte-americanas. Os europeus não gostaram e a França assumiu na cimeira o papel de porta-voz desse descontentamento. Dos acordos então estabelecidos resultou uma desvalorização do dólar e o fim definitivo da sua paridade com o ouro.
Os protagonistas desta cimeira histórica não continuaram muito mais tempo no poder. Georges Pompidou morreu no dia 2 de abril de 1974, vítima de doença divulgada precisamente durante a cimeira. Marcelo Caetano, que nunca se encontrou com os dois presidentes em simultâneo, foi afastado do poder na sequência da revolução de 25 de abril de 1974. Richard Nixon resignou a 6 de agosto do mesmo ano em resultado do escândalo Watergate."

quarta-feira, 21 de março de 2012

POESIA | Na Casa Defronte

Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,
Que felicidade há sempre!

Moram ali pessoas que desconheço, que já vi mas não vi.

São felizes, porque não sou eu.

As crianças, que brincam às sacadas altas,

Vivem entre vasos de flores,
Sem dúvida, eternamente.

As vozes, que sobem do interior do doméstico,

Cantam sempre, sem dúvida.
Sim, devem cantar.

Quando há festa cá fora, há festa lá dentro.

Assim tem que ser onde tudo se ajusta —
O homem à Natureza, porque a cidade é Natureza.

Que grande felicidade não ser eu!


Mas os outros não sentirão assim também?

Quais outros? Não há outros.
O que os outros sentem é uma casa com a janela fechada,
Ou, quando se abre,
É para as crianças brincarem na varanda de grades,
Entre os vasos de flores que nunca vi quais eram.
Os outros nunca sentem.

Quem sente somos nós,

Sim, todos nós,
Até eu, que neste momento já não estou sentindo nada.

Nada! Não sei...

Um nada que dói...


Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

quarta-feira, 7 de março de 2012

Siza Vieira em Angra do Heroísmo a 28 Março


"A cidade de Angra do Heroísmo receberá, pela primeira vez o arquitecto Álvaro Siza Vieira para as comemorações do Dia Nacional dos Centros Históricos, que se celebram no dia 28 de Março. Angra do Heroísmo é, este ano, sede oficial das comemorações.

A Delegação dos Açores da Ordem dos Arquitectos associa-se a este evento, designadamente à conferência que Siza Vieira vai proferir, às 11h, do dia 28 de Março no Salão Nobre do Edificio dos Paços do Concelho, e para a qual foi atribuído 1 crédito, no âmbito da formação obrigatória em temáticas opcionais dos estágios de ingresso na Ordem dos Arquitetos. A conferência é dedicada ao tema "A Arquitectura e a Cidade" e a entrada é livre.

Nesta sua primeira visita aos Açores, o arquitecto portuense vai ainda ser distinguido com o 1.º Prémio Nacional Memória e Identidade, prémio este atribuído em resultado de parceria entre a APMCH e a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo."

In http://oasrs.org/news/2012/02/siza-vieira-em-angra-do-heroismo-a-28-marco

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Sessão de Esclarecimentos- Ordem dos Arquitectos- Angra do Heroísmo

"A Delegação dos Açores da Ordem dos Arquitectos irá promover no próximo dia 29 de Outubro (sábado) pelas 15.00 horas uma Sessão de Esclarecimentos, na Associação dos Montanheiros, sito a Rua da Rocha nº6/8, em Angra do Heroísmo.

Para além dos esclarecimentos que iremos prestar, gostaríamos acima de tudo de perceber quais as dificuldades e os anseios dos Arquitectos da Terceira, no contexto da presente realidade económica e profissional."

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Angra do Heroismo aos olhos de Raul Brandão

"O navio fundeia na Terceira, num vasto semicírculo, fechado ao norte pelo monte Brasil e do outro lado pela ilha das Cabras. Está um calor surdo. Demoro-me a olhar a cidade, donde irrompe uma pirâmide amarela, o monumento a D. Pedro IV. Num plano mais afastado alguns montes escalvados. É Braga, Braga com mais regularidade nas ruas, mais cai nas paredes, e que lhe deu na veneta para ser praia, estendendo até à beira-mar os seus conventos e as suas igrejas pesadas, com um forte em cada extremidade. Na rua andam mulheres de capote negro, apertado na cinta e formando concha sobre a cabeça, e raparigas do povo com o lenço atado só com um nó e deixando ver as madeixas: – são as solteiras; as casadas escondem todo o cabelo e atam duas vezes o lenço no pescoço. Foi aqui que vi as mais lindas figuras de mulheres dos Açores – tipos peninsulares, de cabelos negros e olhos negros retintos."
In As Ilhas Desconhecidas de Raul Brandão

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Projecto nova Residência ACM Terceira | Açores | Arqt. Miguel Cunha


"O novo lar residencial/atelier de tempos livres (ATL) da Associação Cristã da Mocidade (ACM) da Terceira vai surgir literalmente das cinzas a que ficou reduzido o interior do imóvel da antiga sede da instituição, na Canada dos Folhadais, em São Carlos, Angra do Heroísmo, após um incêndio que deflagrou no passado mês de Junho.

O projecto de arquitectura, apresentado ontem à tarde, prevê a demolição total desse edifício e seus anexos, com excepção do pavilhão desportivo, e a construção de uma edificação de dois pisos, implantada em cerca de 1.100 metros quadrados, com capacidade para um máximo de treze utentes (doze, mais um, em casos pontuais).

Berta Silva, a presidente da direcção da ACM/Terceira refere que este é “um grande passo para a concretização dos nosso objectivos, preenchendo uma lacuna para os portadores de deficiência. Os nossos utentes e a nossa comunidade estão em primeiro lugar e não merecem menos que isso: uma habitação com condições adequadas para ser o seu lar”.

Porém, questionada pelos jornalistas, a responsável pela instituição, apesar de não quantificar, refere existir uma lista de espera superior à oferta que será em breve criada.

Obras até final do ano

“Este é um projecto de todos os sócios da ACM. É o início da concretização de um sonho”, assim definiu João Santos, presidente da assembleia-geral da ACM, na cerimónia de apresentação do projecto do novo lar residencial.

“O Governo Regional tem criado todas as condições, os órgãos sociais têm trabalhado e demonstrado merecer a confiança daqueles que põe à sua disposição dinheiros públicos para serem bem geridos e investidos, e a obra começa, de facto a nascer. Não vamos dizer se é tarde, se é cedo, é uma obra que nasce agora”.

O responsável explicou que o investimento, que resulta de verbas do executivo açoriano que oscilará entre os 850 mil e um milhão de euros, deverá arrancar até final deste ano, encontrando-se actualmente o projecto em apreciação na autarquia angrense, estimando-se a sua conclusão para daí a 8 a 12 meses.

A melhor residência a nível regional

A autarca angrense, Andreia Cardoso, referiu que a obra irá dar lugar a uma das melhores infra-estruturas do género: “a nível regional será das melhores residências que teremos de apoio a criança e jovens com deficiência”, reconhecendo tratar-se de um investimento que veio colmatar uma “carência” existente há já algum tempo na ilha Terceira.

“Este projecto é importante para as crianças do concelho de Angra do Heroísmo portadores de deficiência que, felizmente, em hoje, dia, têm uma esperança média de vida muito superior ao que acontecia há uns anos e que, por isso, causam preocupações as pais porque os cuidados têm de, numa determinada fase da vida, ser necessariamente remetidos a outras pessoas”.

A edil recordou também o papel da ACM ao nível da actividade desportiva, referindo que “a ACM é referência ao nível do desporto na região”, recordando que a mesma é co-organizadora de uma prova mundial para jovens portadores de Síndrome de Down.

Empreendedorismo associativo procura-se

“Cada vez mais, precisamos que as direcções das nossas instituições tenham este empreendedorismo, tenham esta pro-actividade de avançar com a coisas, muitas vezes puxando por nós, atiçando a necessidade de darmos resposta e, de facto, nesta matéria a direcção da ACM está de parabéns”, referiu a directora regional da Solidariedade e Segurança Social, Natércia Gaspar, que substituiu a secretária regional do Trabalho e Solidariedade Social, Ana Paula Marques, na cerimónia.

“Há três anos, nascia o Centro de Actividades Ocupacionais (COA) da ACM e, na altura, foi sem dúvida, o melhor da COA dos Açores e a nova residência será muito provavelmente o melhor lar residencial para pessoas com deficiência”.

Para a governante, a ACM presta uma “resposta integrada”: “A ACM tem, neste momento, um COA, tem em carteira um centro de inserção social porque sempre teve muita preocupação com a ocupação laboral das pessoas com a deficiência – sendo uma referência na região nesta matéria – e tem projectos na área do desporto e vários projectos abertos à comunidade que a autarquia tem apoiado”.

Imóvel com dois pisos

O projecto para a edificação da nova residência, de autoria do gabinete “MMC – Arquitectura e Design”, possui oito quartos para os utentes (cinco duplos e três single´s) preparados para pessoas com mobilidade reduzida, localizados no piso superior.

O novo imóvel tem, por isso, projectado uma rampa exterior que permitirá uma “eficaz evacuação de utentes do Piso 1 em caso de emergência”, referiu o arquitecto Miguel Cunha.

Além de zona de alpendre, serão criadas “zonas de estar exteriores confortáveis e que prolonguem os espaços de convívio interiores”.

Em termos de acessibilidades, o projecto prevê acessos a viaturas de emergência, palas de cobertura nos principais acessos ao prédio, zona de cargas e descargas com funcionamento independente, entre outros."

Humberta Augusta

In Jornal União

terça-feira, 14 de junho de 2011

Francisco Ernesto Oliveira Martins homenageado no Dia dos Açores 2011


O Sr. Francisco Ernesto Oliveira Martins bem mereceu e merece ser homenageado em Vida, por tudo o que contribuiu pela cultura e história da nossa terra... mais concretamente pela história da arquitectura, mobiliário e escultura dos Açores.
Só recentemente surgiram livros sobre a Arquitectura dos Açores, no entanto , já ele tinha lançado em 83 um excelente inventário que me acompanha aqui na minha biblioteca, entre outros livros dele.
Um bem haja ao Sr. Francisco por todo o seu legado, e que também me ajudou na minha prova final de curso com a sua disponibilidade e sabedoria, fazendo-me sonhar e adivinhar o que seria Angra no seu assentamento.
A sua vida não passou em vão, foi uma vida cheia, e felizmente partilhou parte dessa vivência através dos documentos que editou, de forma criativa e não tendo como certa toda a literatura histórica produzida até então, questionando sempre e tentando perceber a razão das "coisas".
Todos os livros que já não se encontram no mercado deveriam ser reeditados pois só se encontram exemplares já esgotados a preços elevados em alfarrabistas nacionais e internacionais!

Parabéns Sr. Francisco e que conte muitos mais anos entre nós.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Trienal de Arquitectura

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Arquitectura de palavras

carta

Ao som de Zeca de Medeiros, a música Torna Viagem… dói tanto ouvi-la…

”vem esquecer ventanias e vendavais”, “serei o barco tu serás o cais”, “esta noite não hei-de morrer”…

Só me apetece chorar.

Tenho saudades da ilha, ou melhor, do espaço que existe entre as ilhas, invadido pelo mar. Este vazio que tenho no meu coração é como uma cratera de um vulcão extinto sem forças para emergir.

Saudades… nostalgia… este aperto no peito, esta inquietação, as lágrimas redondas e pesadas… espaçadas.

Apetece-me partir, zarpar no primeiro barco, sem olhar para trás… e que o vento salgado seque as minhas lágrimas. E eu, enrolada e agasalhada numa manta feita de retalhos, de pedaços de mim.

O destino, o cais de chegada, o rumo, pouco importa, quero ir ao sabor das ondas, da correnteza… e atracar quando estiver vazia e cansada de mim.

De que serve a terra firme se é feita de margens, de distâncias que nos separam.

Já não vivo sem este sentimento ilhéu, longe do mar, longe da ilha, longe de mim.

A saudade mata mas permite o sonho enlevado de te Ter como quero, fantasiando uma história que nunca se concretizará de certo.

A solidão, os passos ao compasso da maresia ao longo da costa. Tento desvendar o que me diz o mar… detentor da mais antiga sabedoria, Ansião do universo…

O ritmo inconstante da maré e eu calada. Não há nada a fazer. Ficarei no cais na iminência da minha desgraça.

No horizonte uma neblina…reflexo da minha mente turva.

Quero libertar-me de Ti. Liberta-me! Liberta-me como quem solta as amarras de uma embarcação deixando-a à deriva da sua sorte. É certo o naufrágio. É certa a dor da perda. Conseguirei viver da réstia de sonho do que podia ter sido. Conseguirei subsistir com a lembrança das tuas palavras confessadas por desespero.

Serei sempre eu a ficar em terra, e tu embarcadiço da tua solidão, navegando de encontro ao desconhecido, arriscando tudo.

Devolveste-me ao Sonho. E eu devolvo-te a Ti.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Apresentação do livro Inventário do Património Imóvel do Concelho de Santa Cruz da Graciosa


"Na sequência do projecto do Inventário do Património Imóvel dos Açores realizado pelo Instituto Açoriano de Cultura, na âmbito de um contrato firmado com o Governo Regional dos Açores, através da Direcção Regional da Cultura, concretiza-se a publicação de um novo livro sobre o Património Imóvel de Santa Cruz da Graciosa, que será apresentado no próximo dia 22 de Outubro, pelas 21h00, na Biblioteca Municipal daquele Concelho.

Como já vem sendo habitual, a apresentação contará com uma conferência sobre o património imóvel do Concelho alvo da publicação, que será proferida pelo consultor do Projecto do Inventário do Património Imóvel dos Açores, Arquitecto João Vieira Caldas.

Com a publicação deste livro – o décimo primeiro da colecção do Inventário do Património Imóvel dos Açores (depois dos de São Roque, Lajes e Madalena da ilha do Pico, de Vila Nova do Corvo, da Horta, da Praia da Vitória, de Vila do Porto, Lajes das Flores, Ribeira Grande e Santa Cruz das Flores) – ficam agora registados e acessíveis ao público em geral os elementos referentes às 166 espécies inventariadas que representam o significativo património arquitectónico deste concelho de Santa Cruz da Graciosa.

O livro, com cerca de 300 páginas, para além de integrar um texto metodológico sobre o projecto, contém ainda textos de Susana Goulart Costa sobre o enquadramento histórico daquele concelho («Graciosa - A Ilha Esquecida»), de José Manuel Fernandes sobre a evolução da estrutura urbana da vila («Santa Cruz da Graciosa, o Concelho – Aspectos do Urbanismo e da Arquitectura»), de Jorge Augusto Paulus Bruno sobre «Arquitectura da Água – na Ilha Graciosa» e de João Vieira Caldas sobre «A Casa da Graciosa». São ainda publicados 12 mapas com a localização genérica dos 166 casos inventariados, as suas respectivas fichas descritivas e um pequeno glossário."

Correcção ao Post anterior

Ainda acerca da habitação abaixo abordada, fui informada através do amigo Miguel Azevedo (neto do Arqt.º Fernando Sousa) de que o projecto foi encomendado pelo Sr. Luís Gouveia (antigo dono da Casa Vidal), quando casou em 1961 e é de autoria do Arqt.º Fausto Mendes Caiado, por sinal muito amigo do Arqt.º Fernando.